Norma
Suely nasceu Nita, seu nome de batismo, na cidade
de Ponte Nova, Minas, no dia 26 de junho de 1933. Filha
de Jamil Lopes dos Santos e Esther de Araújo Santos,
tinha dois irmãos: Edmundo e Adalberto. Seu pai
era jornalista, editor do jornal da cidade, e sua mãe,
exímia pianista, foi cantora profissional e professora
de música. Com ela, iniciou seus estudos musicais
ainda menina, em Belo Horizonte, onde a família
passou a residir. Estudou no católico Colégio
Santa Maria e no Colégio Batista Mineiro, mas a
música clássica tornou-se desde então
a principal motivação da precoce e sensível
menina, tendo d.Esther como principal incentivadora e
primeira professora.
Enquanto
estudava piano e canto, acompanhava a mãe nos programas
da Rádio Inconfidência, e vibrava com o prestígio
que ela desfrutava como folclorista e atração
da emissora mineira. Aos 11 anos, interpretou a modinha
“Quem Sabe” de Carlos Gomes
no auditório da rádio e recebeu sua primeira
lufada de aplausos, acompanhada de rasgados elogios da
direção. Cantar e tocar acordeão
em festinhas e eventos da cidade, passou a ser constante
em sua vida de adolescente.
Quando
a família mudou-se para o Rio de Janeiro, frequentou
os inevitáveis programas de calouros. No “Pescando
Estrelas”, em 1951, comandado por Arnaldo
Amaral na Rádio Club do Brasil, conquistou o primeiro
lugar e um contrato com a rádio , recebendo salário
mensal de 1.500 réis. Foi o bastante para ser notada
por Renato Murce, que na época lançava o
programa “PRE-Neno” na Rádio
Nacional. Foi lá que conheceu o tenor Paulo Fortes,
que a aconselhou lapidar seu potencial vocal de soprano-ligeiro.
À
essas alturas adotou o nome artístico de Norma
Suely, por sugestão de um colega de rádio,
que achava Nita um nome sem apelo comercial. Ela gostava
de Norma por causa da ópera “Norma”
de Vicenzo Bellini, e Suely, achou um complemento sonoro
e popular.
No
programa de Murce, um concurso de canto lírico
que tinha o compositor erudito Cláudio Santoro
como presidente do júri, lhe concedeu como prêmio
ao primeiro lugar conquistado, uma bolsa de estudos no
Conservatório de Santa Cecília, na Itália
Em 1953, afivelou as malas e seguiu viagem sozinha. Seu
aproveitamento no curso foi de Excelência, a ponto
de ser espontaneamente recomendada pelos professores do
Conservatório para a renovação da
bolsa por mais um ano. Durante sua estada em Roma, excursionou
e apresentou-se em espetáculos ao lado de grandes
nomes do cinema, como Silvana Pampanini, Renato Rascel,
Eleonora Rossi Drago e outros.
De
volta ao Brasil, assinou contrato com a Rádio Nacional,
onde permaneceu contratada até 1967. Soltando seus
trinados em trechos de óperas no famoso auditório,
era aplaudida de pé, constantemente escalada para
os populares programas de Manoel Barcelos, César
de Alencar e Paulo Gracindo. Sua participação
em “Festivais GE”, acompanhada
por orquestra sob regência de Lirio Panicalli, cantando
“Alelluiah” de Mozart, empolgou
não só a platéia, mas também
os músicos que levantaram-se para aplaudi-la no
final da apresentação.
Em
1957 recebeu convite da Polydor para gravar música
popular, sonho que acalentava e o mercado lhe acenava.
Gravou “Fascinação”,
“Se Todos Fossem Iguais a Você”,
“Olhe-me, Diga-me” e “Odeio-te,
meu Amor” em compacto-duplo. Saiu-se muito
bem como cantora romântica, e passou a gravar mpb
sem abandonar o canto lírico.
(leia
mais em A Cantora)
Paralelo
à vida artística, em 1958, fez concurso
para o Instituto Brasileiro do Café (IBC), onde
foi admitida como escrituraria. Logo estava na seção
de relações públicas ao lado de jornalistas,
o que a levou fazer curso de jornalismo, tornando-se redatora,
e subindo para nível universitário com vencimentos.
A
carreira como cantora prosseguiu com prestígio
e popularidade , até que em 1965, estimulada pelo
amigo Walter Mattesco, fez teste para o musical americano
“Música, Divina Música”,
versão teatral de “A Noviça
Rebelde”, que o produtor Oscar Ornstein
apresentou no Teatro Carlos Gomes. Foi aprovada como substituta
da protagonista, deixando surpresos os americanos com
seu alcance vocal. A atriz começava assim a despontar.
Aceitou o convite para trabalhar no musical “Os
Fantastikos” que o diretor Antonio de Cabo
começava a montar no pequeno Teatro Carioca do
Flamengo. Perto da estréia, recebeu um telefonema
de Ornenstein para que assumisse o papel de Maria em “Música,
Divina Música” imediatamente. Assim,
protagonizou dois espetáculos em uma mesma temporada,
já que em “Os Fantastikos”
alternava com Suely Franco a personagem feminina principal.
A guinada que esse fato causou em sua vida profissional
foi avassaladora.
Atuava como cantora e atriz, especialmente de musicais,
com brilho e ascensão. A cantora foi parar nas
paradas de sucesso com a versão de “Juanita
Banana”, ao lado do cantor Kleber, uma
idéia do grande amigo Abelardo Barbosa, o Chacrinha.
Gravou os LPs “A Voz e o Violão”
ao lado de Luiz Bonfá e “Festival
San-Remo 65”, com as célebres canções
do festival.
(ouça
os discos em A Cantora)
A
atriz experimentou o cinema em “Cangerê”,
e posteriormente fez “Adorável Trapalhão”,
“Rally da Juventude” e “Esquadrão
da Morte”.
Nos palcos atuou também em “Onde
Canta o Sabiá”, “Sabiá
67”, “Tem Banana na Banda”,
“As Garotas da Banda”, “Bordel
da Salvação”, “Tem
Piranha na Lagoa”, “Missa
Leiga”, “Independência
ou Morte”, “Gota D’Água”,
“O Homem de La Mancha”,
“O Ministro e a Vedete”,
“Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá”,
“Seqüestro na Sauna”
e “A Dama de Copas e o Rei de Cuba”
em Portugal. Suas últimas aparições
em teatro foram nas leituras das peças “O
Telescópio” e “Revolução
dos Beatos”, produzidas pela Funarte.
Na televisão ganhou papel escrito especialmente
por Gilberto Braga: a cantora de sarau Norma Santiago
na novela “Senhora” da TV
Globo, onde cantava a mesma modinha “Quem
Sabe” de Carlos Gomes, dos primeiros tempos.
Seguiram-se “Nina”, também
na Globo e “Helena” na TV
Manchete.
(leia
mais em A Atriz)
Sempre
ávida por se reciclar e antenada com tudo à
sua volta, voltou a estudar, fazendo Faculdade de Filosofia
na UFRJ, e formando-se em 1982.
Dedicada
à família durante toda vida, viveu cercada
da tia, Ilka Drummond, irmãos, sobrinhos e primos,
demonstrando a mais pura solidariedade e companheirismo.
Residindo com a mãe em seu apartamento no Lido,
Copacabana, apartamento esse que comprou pela Caixa Econômica,
pagando anos a fio até quitá-lo, sofreu
a perda de D. Esther no final de 1969, acometida de doença
incurável. Muito abalada, afastou-se das atividades
profissionais por um ano, até voltar ao teatro
em “Tem Banana na Banda”,
a convite do amigo Nestor Montemar.
Da
vida sentimental, foi noiva do italiano Eufêmio
Maurizio del Buono enquanto estudou no período
de dois anos no Conservatório de Santa Cecília.
Mas a relação não resistiu o aeroporto.
No inicio de 1969 conheceu o comerciante Natal Luiz Prosdocimi
nas cercanias da praça do Lido, onde também
residia, apresentado pelo amigo André Tambourini.
Ao assisti-la cantando “Amendoim Torradinho”
em uma boate no Flamengo, foi impossível para Natal
Luiz resistir. Apaixonaram-se e viveram juntos por quase
quarenta anos.
(veja
mais em Natal Feliz)
Faleceu
em 14 de junho de 2005 no Hospital Pan-Americano da Tijuca,
vitimada pela mesma enfermidade de sua amada mãe.
A
história de Norma Suely completa-se
em seus amigos, em seu companheiro, em alguns parentes
mais próximos, e em todos aqueles que cruzaram
seu caminho.
A
intensidade que dedicou a todos, pode ser medida pelo
que deixou marcado em cada um de nós.
(veja
mais em Os Amigos)
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Avó, mãe e tios de Norma Suely.



Dona Ester, mãe de Norma Suely.

Pais de Norma Suely.

Norma Suely e seu irmão Adalberto.

Norma Suely.

Norma Suely em Ponte Nova.

Norma Suely com sua mãe
e seu irmão.


Norma Suely e irmãos.

Norma Suely e família.
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